[Garth Quaedar ] Capítulo IV - Tragédia de Vilavelha

Já havia se passado algumas semanas desde que Nicolas Hightower havia partido para Pyke, levando consigo o corpo do famigerado pirata, cujo o nome era Quellon Saltcliffe, proveniente das Ilhas de Ferro. O garoto havia largado o jeito mimado, e aos poucos estava se transformando no homem cujo o sobrenome e tradição o obrigava a ser. Pelo menos, algum progresso estávamos fazendo.

Estava curioso para saber como Lorde Jasper estava se saindo, conhecendo-o bem, ele deveria estar entediado e determinado. Jasper era um homem bastante determinado e quando queria provar um ponto de vista, iria até o final, com argumentos sólidos embasados em fatos, era quase impossível questionar seu senso de justiça. Era vergonhoso o Conselho ignorar sua presença e história da Casa Hightower, Arquimeistre Humprey riu disso noite passada, e dizia sentir pena pela pobreza cultural. Desejava para ele sorte.

Anoitecia em Vilavelha. Entretanto, mesmo anoitecendo a cidade mantém-se lotada e cheia de vida, os bordéis lotados e o comércio estava em atividade. Cavalgava pelo porto, juntamente com Sir Thomas Hightower e uma comitiva de vinte homens. Thomas era um homem muito agradável por sinal, cabelos castanhos e olhos acinzentados que combinavam perfeitamente com seu físico atlético e um sorriso gentil, estava trajando sua armadura tradicional e sofisticada - digno de seu status.

Lorde Jasper parece confiar bastante em você. Tornou Garlan e Nicolas homens feitos. - disse enquanto cavalgamos pela costa. - Apenas uma missão e tornaram-se militares e estrategistas em ascensão.

No calor da batalha, os jovens repensam seus valores e conduta. Eles olham para a espada sangrando e imaginam que se não tomarem uma decisão, pode ser o sangue deles correndo pela última vez. - disse calmamente - Garlan entendeu o recado rapidamente e trouxe orgulho. O exemplo de Garlan arrastou Nicolas que necessitava apenas de um incentivo.

Tio Lewis sempre recorreu à você para resolver os problemas. É notável sua competência. - disse sorrindo - a Casa Hightower agradece seus serviços.

Não precisa agradecer Garth, estou a serviço da casa de seu primo. Assim como você, para um aristocrata exilado, tem se saído melhor do que esperávamos. Saiba que nem todo concordaram…. - e foi cortado.

Antes de terminar a frase, dois soldados vieram e nossa direção. Pareciam apavorados e pelo estado de suas vestimentas, pareciam ter participado de uma batalha.

Lorde Garth… Aconteceu um problema em Torralta. Preciso que nos acompanhe rápido. - disse o soldado.

Cavalgamos à toda velocidade, atravessando Vilavelha, passamos pela Cidadela e o Septo de Pedra, onde três meses atrás havíamos sido sepultado tio Lewis Hightower, pai de Lorde Jasper. O que havia ocorrido de tão terrível para o soldado vir nos buscar com tanta pressa? Dois batedores abriam caminho pelas ruas.

Aproximando-se da fortaleza, os portões abriram-se. Entretanto, quando olhei para os céus entendi tudo o que havia ocorrido. O castelo de Torralta ficava no topo da Ilha da Batalha, um castelo enorme que compreendia toda a ilha. Algumas de suas janelas estavam saindo fumaças negras. Desmontei rapidamente do cavalo e subi correndo até o Grande Salão de Torralta.

Chegando até o Grande Salão de Vilavelha, estava Arquimeistre Humprey abraçado à Lady Jeyne, uma donzela de apenas dezoito anos, irmã mais nova de Lorde Jasper. Assim que entrei, ambos caminharam em minha direção.

Os deuses foram cruéis conosco - desabafou Arquimeistre Humphrey. - Houve um incêndio iniciando-se na dispensa sul da fortaleza e suas fagulhas se tornaram chamas que incendiaram os aposentos lá presentes. Lady Lyssa Hightower, Garlan Hightower, Margaery Hightower e Sor Jonothor Mullendore encontravam-se em seus aposentos e foram mortos. Juntamente com 24 servos e 16 guardas que vigiavam o corredor.

A fumaça negra impediu que eles se orientassem. Alguns foram encontrados caídos no corredor. - disse Jeyne, que havia se tornado órfão em menos de 3 meses.

Eu sentia como se tivesse tomado um soco no estômago. Eu tinha tantas coisas para dizer para minha tia Lyssa. Havíamos perdido o herdeiro Garlan, uma bela donzela; Margaery e o Marechal de Vilavelha; Sor Jonothor. Sem contar que havia servos e guardas entre as vítimas. Era a maior Tragédia de Vilavelha.

Toquem os sinos. Chame Nicolas de volta. E preparem os corpos. Conserve-os até a chegada de Lorde Jasper Hightower. Ele não deve ser informado ainda, saberá quando chegar em Vilavelha.  - disse para Arquimeistre Humprey - De para os servos e guardas funerais adequados e trate de certificar que suas famílias sejam amparadas, eles morreram servindo ao Senhor de Vilavelha, não há morte mais digna. Avise à Casa Mullendore do ocorrido, e diga Sor Jonothor será velado em Vilavelha. Declaro luto até a chegada de Lorde Jasper. - disse e acenei para que saíssem todos da minha frente.

Eu não tinha mais nada à dizer. Talvez em um próximo momento. Quando ninguém me aceitava, tia Lyssa estava comigo. Fez-me entender o meu valor em uma sociedade que não fornecia amor, mesmo que eu não compreendesse bem. Sor Thomas Hightower e Arquimeistre Humprey saíram do Grande Salão. Ajoelhei-me e chorei.