Capítulo VI - A Rosa Mais Bela

Os salões e corredores estavam silenciosos como criptas. O fogo negro no topo de Torralta havia tornado-se novamente flamejante e vivaz. Haviam-se passado cerca de uma semana após o acidente; era necessário que alguém superasse, mesmo que fosse difícil. Sor Thomas Hightower, foi promovido ao posto de novo Comandante da Guarda de Vilavelha, no lugar de Sor Jonothor Mullendore.

Ele parecia estar se encaixando bem a posição; era um homem robusto, pele branca, porém, queimada pelo sol, a cor seus olhos possuíam um aspecto acinzentado escuro, ele mantinha uma expressão severa em seu rosto, cabelos castanhos bem curtos e uma barba bem desenhada, que combinada com sua personalidade áspera e gélida. Sor Thomas vinha de um ramo menor da família, assim como Nicolas Hightower - caso não conheça, convido a ler os outros capítulos  - ambos descendiam de Sor Mace Hightower, irmão mais jovem de meu avô, Lorde Gunthor Hightower, o Rico. Ambos eram gêmeos, contudo, os deuses optaram que fosse meu avô no lugar de Sor Mace Hightower - indagava-me enquanto observava Vilavelha do alto da fortaleza de Torralta.

Minha irmã, Lady Jeyne, encontrava-se no pátio inferior com suas amigas, desde que sua amiga e nossa prima, Lady Margaery Hightower morreu, mandei com que nossas casas juramentadas enviassem suas jovens donzelas com a finalidade de que fizessem companhia para minha irmã, ela parecia estar um pouco melhor, certamente não era fácil, havíamos perdido nossos pais em um intervalo de seis meses, uma garota de apenas dezesseis anos levaria um pouco mais de tempo para digerir o ocorrido. Porém, quem sentiu-se pior com a situação era meu primo, Garth Quaedar; o riquíssimo e exilado aristocrata de Volantis, declarou-se culpado pelos fatos. Segundo ele, Torralta estava sob sua responsabilidade quando ocorreu o incêndio; de fato, ele estava falando a verdade, porém, não seríamos nós a comandar o destino. Se o que Nicolas Hightower disse sobre o incêndio ter sido obra dos Nascidos de Ferro, for comprovado como verdade, seria um verdadeiro ato de guerra e iremos para a batalha se for preciso. Eles irão pagar. Como administrador das moedas de Vilavelha, Garth levantou cedo e partiu para Vilavelha fiscalizar o comércio e revisar os contratos.

Havíamos renovado o quadro de servos de Torralta, estava tudo em pleno funcionamento. Encontrava-me em no pátio superior da fortaleza, as reuniões haviam sido curtas, tive uma conversa com Nicolas Hightower, em que designei para comandar a guarda a Cidadela, e com meu tio Runnel Hightower que anunciou que iria viajar com esposa para Essos, para que passassem o luto pelo seu filho Garlan Hightower, era compreensível. Em minha caminhada pelo pátio superior estavam meus leais guarda-costas, Sor Vincent Bulwer e Sor Gaelys Cuy, ambos estavam estranhamente silenciosos. Sentei-me em uma cadeira que tinha a vista de frente para o Mar Poente, uma serva mui bela, serviu-me vinho e carne de peixe. Fechei os olhos, escutei as batidas das pequenas ondas do mar  que quebravam sobre as rochas e a única coisa que vinha a minha mente era minha mãe; pele caramelada, e olhos amendoados profundos, cabelos negros e perfeitamente lisos, uma perfeita aristocrata de Volantis e imaginei que agora sim, ela estaria em paz com meu pai, Lorde Lewis Hightower.

“Esse era o lugar preferido dele” - soou uma voz familiar; eu nem havia percebido a presença de Meister Humprey no pátio. O velho estava com seu traje de meister, cabelos brancos, um pouco acima do peso, seu nariz era extremamente vermelho, e seus olhos eram azuis, parecido com seu sobrinho, Lorde Beesbury, juramentado a mim. - “Lorde Lewis sempre vinha para o pátio superior para pensar. O que pensas, meu Lorde?”

“E você sempre o acompanhava...” - disse vagarosamente sem responder a pergunta do meister - “... diga-me: Qual a lição mais valiosa que aprendeu em todos seus anos como meister? Se nao me falha a memória, és um nobre, poderia muito bem ter seguido uma carreira militar e se tornado próspero.”

Meister Humphrey sorriu

“Os deuses nos presenteiam com armas distintas, palavras matam mais do que armas convencionais. Quando fui reprovado em Porto Real para ser o Grande Meistre, aprendi uma lição valiosa com seu pai; que devemos estar onde precisamos estar. Tornei-me membro do Conclave da Cidadela e um respeitado Arquimeistre e contribuo para o crescimento da maior jóia da Campina, a Casa Hightower.” - disse Meister Humprey como se estivesse tudo decorado.

“Meus pais sempre te admiraram muito. Guerra. Incêndio. Targaryen. Dragões. Greyjoy. É nisso tudo que penso.” - disse enquanto observava o mar, levantei-me e pus minhas mãos sobre o parapeito e continuei observando o mar - “Algo me diz, que nada disso acabará bem.”

“Provavelmente nao acabará bem, conflitos sempre existiram". - disse calmamente - "Você não é mais aquele garoto de outrora. Pelos corvos que chegaram, haverá guerra no continente em questão de meses. A Casa Hightower não irá acabar, mas vocês precisam se proteger, e assegurar que a Campina esteja segura. O compromisso de manter a Campina segura não é um fado apenas dos Tyrell. Vocês precisam se unir, unir suas casas; isso trará unidade para a Campina. Imagine se as duas principais casas se unissem, a centralização da Campina estaria consolidada.” - sugeriu Arquimeistre, seus olhos brilhavam.

“Lady Margaery Tyrell, a irmã mais nova de Lorde Magnus. Acredito que seria a escolha perfeita.” - eu já havia conhecido Lady Margaery antes, mas ela era bem mais jovem do que eu; meu pai costumava ir em Jardim de Cima visitar Lorde  Luthor Tyrell, pai de Lorde Magnus. Pelo que sabia, ela não era mais aquela criança manhosa e chorona, mas sim uma bela mulher, e já estava em uma idade propícia ao casamento. - “Meister Humphrey! Envie uma carta à Jardim de Cima. Farei o que for precisa para conseguir a mão de Lady Margaery. Torço para que Lorde Magnus e Lady Margaery aceitem, e envie meus cumprimentos em ouro e jóias.”

Meister Humphrey aprontou-se rapidamente para que tudo fosse providenciado o mais rápido possível. Assinei a carta e enviei um presente para Lady Margaery: um bracelete que pertencia a minha mãe, revestido de ouro, com pedras de esmeralda e safira.