Capítulo V - Maus tempos

A viagem havia sido longa e cansativa. Tio Runnel nao parava de tagarelar como havia conquistado uma das garotas no bordel de Porto Real. Após, sairmos do Grande Conselho, passamos por um bordel, antes de embarcamos no navio, Dádiva de Uthor. Meu pai, Lorde Luthor Hightower, sempre me dizia sobre o Grande Conselho de 101, onde todos os Senhores grandes e pequenos, tiveram opção de voto em decisões do reino. Confesso que escutar um Greyjoy, que não possuía riquezas e muito menos uma cidade prestigiosa como Vilavelha, foi de embrulhar o estômago, e mesmo com os esforços de Lorde Magnus, me retirar foi o melhor que pude fazer naquele momento. Se os Targaryen não se importavam, com quem os preservava e abasteciam com seus Meisters, ou quem sussurrou ao Septão para que Aegon fosse coroado a Luz do Sete, eu não deveria estar ali.
Antes de partir, havíamos recebido a mensagem vinda de Lorde Magnus. A mensagem dizia que houve um julgamento por combate e meu tio, Sor William Hightower seria um dos combatentes, a decisão da batalha não havia sido revelada, talvez ele estivesse morto. Creio que logo, saberíamos. A única coisa que importava, era que estávamos voltando para casa e poderia reencontrar minha família e ditar os novos rumos de Vilavelha. Já podíamos ver de longe Torralta, e em seu topo estava uma enorme pira flamejante, contudo, as chamas que saíam eram negras, isso causou-me estranhamento.
Sor Gaelys e Sor Vincent -  meus guardas pessoais - estavam conversando no convés do navio, eles estavam ávidos pela viagem, havia sido a primeira vez de ambos em Porto Real. Ambos haviam se divertido bastante no bordel, contudo, Sor Vincent contou-nos que preferia a companhia de homens, invés de mulheres, sabíamos que a cultura Westerosi não aceitava muito bem, tais relações, contudo, em Vilavelha, não nos importávamos.
Nos aproximamos do Porto em Vilavelha, estavam quase todos reunidos: meu primo, Garth Quaedar; minha irmã,  Lady Jeyne Hightower e Arquimeistre Humphrey. Entretanto, faltava algumas pessoas, todos usavam o manto da Casa Hightower. Desembarcamos.

“Arquimeistre Humphrey, Garth Quaeder, achei que haveria uma recepção maior para o senhor dessas terras” - disse e sorri.
Entretanto os sorrisos foram tímidos e contidos. Minha irmã, Lady Jeyne, correu entre os soldados com os olhos lacrimejando e as bochechas rosadas e me abraçou aos prantos. Assustado e sem compreender, olhei para todos e novamente olhei para a pira no pico de Torralta, e as chamas extremamente escuras.

“O que aconteceu?” - perguntei a Garth Quaedar - “Eu te deixei como administrador de Vilavelha. Onde está minha mãe e Sor Jonothor__”

“__E onde está meu filho?” - interrompeu tio Runnel - “Garlan já deveria ter retornado da Ilhas dos Escudos à muito tempo.”

“Houve um incêndio no sul da fortaleza, dias atrás… um acidente muitos servos e soldados foram mortos. Não sabemos como ocorreu.” - disse Garth com profunda tristeza -  “Apenas sabemos que Lady Lyssa estava no local, Sor Jonothor e Sor Garlan morreram tentando protegê-la, inclusive Lady Margaery morreu no acidente, foram sufocados pela fumaça. Perdoe-me, Lorde Jasper, não poderíamos ter feito nada.”

Um profundo silêncio se instalou em meu peito. Tio Runnel estava aos prantos. Não havia mais nada a ser feito.

“Preparam as mortalhas. O funeral será realizado em algumas horas. Que os deuses olhem por nós” - disse em tom fúnebre.

Os céus estavam nublados, haviam três mortalhas principais e seus corpos estavam cobertos. Os corpos dos servos haviam sido sepultados no pavilhão externo, e seus familiares os sepultaram. Lorde Jasper ofereceu às famílias cerca de dois sacos de ouro, como indenização. A cerimônia fúnebre havia sido prolongada e triste, Septão Martyrs havia feito as honras pelas Luz do Sete, em Septo Estrelado. Todos vestiam vestes negras, e choravam. Nos encontrávamos no alto de Torralta, próximos às piras. Arquimeistre Humphrey, Garth Quaeder, tio Runnel, Sor Thomas, Nicolas Hightower, Lady Jeyne dentre outros membros da corte estavam presentes. Meu avô havia enviado dois membros da Casa Qhaeder de Volantis para acompanhar o funeral, e posteriormente levar o corpo de minha mãe de volta para Volantis. Estavam todos aos prantos.

Nicolas Hightower, meu primo de segundo grau, estava se aproximando vagamente, lamentava pela morte de seu melhor amigo, Garlan Hightower, filho de tio Runnel.

“O que faremos agora, Lorde Jas, perdemos nosso comandante, Sor Jonothor, perdemos seu herdeiro, Garlan. Desde que assumiu, nós apenas perdemos....” - desabafou o garoto - “...até mesmo a pequena Margaery se foi”.[/b]

“___Acidentes acontecem” - tentei consolá-lo - “Não podemos controlar a vontade dos deuses”.

“Os deuses não possuem vontade, primo; sei que não possui enorme apreço por mim, mas acredite. Em Westeros, não há acidentes”. - assim que disse, entregou-me um broche. - “Voltei de Pyke faz algumas semanas. Nossas relações com os Nascidos de Ferro estão péssimas. Encontrei isso próximo aos aposentos de sua mãe.

Assim que olhei para o broche, o símbolo borrado, era de um berrante de guerra, negro e dourado em fundo vermelho. Casa Goodbrother de Cornatelo, havia acusações muito graves em jogo. Nicolas já havia partido para consolar minha irmã. Eu havia nomeado mais cedo, Sor Thomas Hightower, o novo comandante da guarda de Vilavelha, no lugar de Sor Jonothor Mullendore.

“Nicolas está furioso, diz que foi obra dos Nascidos de Ferro” - disse Arquimeistre Humphrey - E tem base para tais afirmações, ele estava lá em Pyke.

“E o que propõe? Guerra?” - questionei-o - “Isto é loucura. Não podemos declarar guerra.”

“___ Nossa casa já foi prejudicada demais” - interrompeu Sor Thomas - “ estamos sendo distanciados do poder por anos. Nunca houve tanto desrespeito a nossa casa em séculos, desde os Gardener. Estamos limitados! Ricos, porém, limitados! Até mesmo os pequenos Tyrell conseguiram mais conquista”.

Suas palavras consumiram meu peito. Tudo o que ele havia dito infelizmente estava certo. Fomos distanciados, e pior, traídos pelos Targaryen. Sempre fomos a casa mais influente, depois dos Gardener. Coroamos Aegon e o que recebemos em troca? Tyrells no comando da Campina. Greyjoys tramando ataques. Targaryens em guerra por soberba. Eu estava cansado.

“Ficaremos por um tempo sem neutros perante a guerra.” - disse para Humphrey e Thomas - “Nos preparando e planejando nossos próximos passos. Assim que resolvido, voltarei nosso olhos para as Ilhas de Ferro, quero explicações e conheceram o verdadeiro preço do ouro.”