A Morte do Velho Dragão - Magnus Tyrell

Já era noite. A lua iluminava o céu salpicado de estrelas. Jardim de Cima estava quieto e todos já dormiam em seus quartos. Apenas uma coruja fazia
barulho no lado de fora, levantou voo de seu galho e foi até uma janela que emitia uma luz laranja-fogo. A sala de reunião estava escura, iluminada apenas pelas luzes dos archotes que se encontravam nas extremidades das paredes. Havia uma mesa quadrada feita de pinheiro no meio do pequeno cômodo, sobre ela se encontrava aberto o pergaminho que chegara de Porto Real pela manhã.

- O Rei Jaehaerys I foi assassinato junto com sua Mão, o Septão Gerald. A Rainha Regente Vaella chama os Lordes das Grandes Casas para o Grande Conselho, para decidir quem será o novo Rei ou Rainha de Westeros. - lia Magnus em voz alta. - É isto.

- O Rei mais bondoso de Westeros morreu assassinado em seu próprio Castelo. Hum, irônico - Disse Janna com sua voz fria.

Na sala se encontravam Magnus; Margaery, sua irmã; Janna, sua mãe; Garth, seu irmão mais novo; Meistre Edd; Sor Munfrey, comandante das tropas que protegiam as regiões próximas à Jardim de Cima e Marcell Bulwer, o castelão. Todos presentes ali expressavam um semblante sério e triste, pois sabiam que a o assassinato de um Rei era algo grave.

- Todos os Lordes das Grandes Casas estarão presentes. Isso poderá ser uma oportunidade para apaziguarmos a situação e fazermos acordos.

- Não seja tolo, filho, nós sabemos oque isso significa. - Comentou Janna - Ou a transição do trono será pacífica após a votação, ou este continente vai estourar em Guerra.

- Guerra é o que nós menos queremos. Está tudo avançando tão bem. A Campina prospera. - Disse Marcell - Porém saiba que estarei a sua disposição para o que vir pela frente, M'Lorde.

- Eu também sempre estarei ao seu lado em qualquer decisão, irmão - Falou Garth.

- Não há motivos para uma guerra. Temos que agir diplomaticamente. Guerra não está em meus planos e tenho certeza que os Targaryens também não têm isso em mente - O Lorde Tyrell sabia que conflitos nunca eram bons.

- Filho, infelizmente todas as opções estão na mesa. Seja a paz ou a guerra. Fogo e Sangue. O Rei morreu e o Trono está vazio, esta é nossa realidade agora. Maegor, O cruel morreu a algum tempo, mas nada impede que apareça outro novamente e use aquelas malditas criaturas para intimidar e humilhar até mesmo seus aliados. Os Dragões irão lutar pela posse daquela cadeira horrorosa, isto já é um fato - Sua mãe, Janna era uma mulher fria e rígida, mas acima de tudo era sincera e realista.

Todos ficaram quietos na sala. O clima era de extrema preocupação. Sabiam que Janna estava certa, mas tentavam enxergar um solução mais formidável.

- Já passamos por isso antes. Tenho certeza que o Reino prosseguirá em paz - Magnus mentia tentando tranquilizar todos ali presentes.

- Meistre Edd. Nos atualize da situação de Porto Real, por favor - pediu Margaery.

- Claro, minha senhora. Bem... o Rei Jaehaerys sempre foi um homem bom como nós sabemos, não aparentava ter inimigos ou algo parecido, até mesmo Dorne o admirava. Era justo com todos em sua volta. Isso não se pode negar. Vimos isto de perto no Grande Torneio do Campo das Rosas. O que mais me entristece é saber que não morreu de uma morte natural e, sim assassinado cruelmente. Há algum tempo ele havia dito que quem herdaria o Trono de Ferro seria sua filha mais velha Maegelle, uma moça de temperamento forte segundo os mais próximos. É claro que muitos Lordes não irão apoiar esta decisão, sabemos que as tradições são bastante forte em Westeros. Todavia, não podemos negar que muitos seguirão a decisão do Rei. - Meistre Edd fez uma pequena pausa e soltou um leve suspiro - É por este motivo que acredito fortemente em uma grande disputa entre Maegelle e seu irmão mais novo, Valerion, pelo Trono de Ferro. Neste momento a Casa Targaryen deve estar completamente dividida e atordoada.

- A situação é pior do que eu imaginava - Magnus ficou cabisbaixo.

O vento que entrava pela janela aberta apagou um dos archote. A sala ficou mais escura. O clima ficou ainda mais pesado. "Um presságio dos Deuses, talvez. Tempos sombrios se aproximam. Se uma Guerra começar, mesmo que nossa decisão for ficarmos isentos, vão achar algum jeito de envolver a Campina".

- Meistre - Chamou Magnus - Alguma notícia das outras Grandes Casas?

- Não, senhor. Foi tudo muito recente. Mas acredito que a reação da maioria é a mesma: Surpresa.

- E sobre suas eventuais decisões, Meistre? - perguntou Margaery.

- Muito difícil falar sobre isto, Lady. Cada Lorde deste continente tem uma personalidade diferente. O Norte segue muito suas tradições, assim como o Vale e nós aqui da Campina. Já Dorne e as Ilhas de Ferro têm sua cultura... diferente. Os Baratheons e os Tully são um tanto quanto imprevisíveis. O Lorde Lannister alegou que sua filha mulher será a herdeira das Terras Ocidentais, uma decisão interessante eu diria. Talvez votará por Maegelle... ou não. Tudo depende dos interesses particulares.

- Magnus, deveríamos tentar buscar alianças? - questionou Garth.

- Ainda não, deixaremos a poeira baixar um pouco. Iremos definir isto após o Conselho. Essa situação turbulenta irá nos causar dor de cabeça, mas iremos superar isso. Não tomem nenhuma decisão sem consultar a mim antes. Cada ação nossa terá consequência.

- Senhor, desculpe a pergunta, mas... já tem seu voto? - Meistre Edd parecia estar curioso.

- Não. Por enquanto. - Magnus estava sério e colocou as duas mãos sobre a mesa. - Irei para Porto Real daqui a quinze dias, durante a alvorada. Garth, Sor Munfrey, vocês virão comigo. Margaery, você ficará aqui enquanto eu estiver fora, a Campina estará sob seu comando. Tenho certeza que Meistre Edd irá te aconselhar bem. Marcell, amanhã cedo já pode começar a preparar quem irá na comitiva e oque nós levaremos. Vamos levar alguns barris de vinho como uma forma de mostrar nossa lealdade ao trono.

- Sim, meu Lorde.

- Presumo que esta reunião tenha acabado - Magnus fez um movimento com a mão - Podem ir. Meistre Edd, você fica. Quero lhe fazer uma pergunta rápida.

Todos começaram a sair da sala, Garth e Margaery foram os primeiros a sair seguido por Sor Munfrey e Marcell. Meistre Edd permanecia frente a mesa. A Senhora Janna foi em direção ao seu filho mais velho.

- Não faça nada idiota naquele lugar. Aquela cidade é um ninho de ratos e, pior ainda, um ninho de Dragões. - Janna segurou em suas mãos - Eu te amo, filho. Apoiarei qualquer decisão tomada por você.

- Eu também te amo, mãe.

Janna se retirou da sala, deixando Magnus. O Lorde Tyrell pegou o pergaminho e guardou no bolso de seu gibão, logo depois encostou a porta e ficou a sós com Meistre Edd. Olhou para ele e ficou pensando como um velho como aquele podia ser tão inteligente.

- Acha mesmo que há a possibilidade de acontecer uma Guerra? Seja sincero comigo - Magnus franziu a testa e olhou no fundo dos olhos de Edd.

- Espero que não, mas os irmãos Targaryen se odeiam. Se Vaella ordenou que fosse feito um Conselho é porque presume que Maegelle não tenha força e apoio suficiente na sua pretensão ao Trono. Ela sim quer evitar uma Guerra, a Rainha não quer ver seus filhos lutarem entre si... Mas sua mãe é uma senhora esperta e tem razão, neste momento todos as opções estão na mesa. Posso me retirar, senhor?

- Peço-lhe mais um favor, amanhã envie uma carta aos nossos vassalos, confirmando a morte do Rei. Diga-lhes que irei ao Grande Conselho. Peça que todos mantenham a calma pois Westeros continuará a prosperar.

- Apenas isto?

- Sim, pode ir.

O velho acenou com a cabeça e se retirou, Magnus fez o mesmo. Antes de sair se virou para a janela e observou a coruja na janela, ela o olhou com seus grandes olhos amarelos e fez um "Gruuu". Bateu as asas e foi embora.

Carta aos Vassalos: