Corvos com Ventos
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Corvos com Ventos
O estrondoso trovão rasgou o céu noturno, clareando brevemente aquelas paredes de pedra. A chuva caía ritmicamente no chão calçado do pátio do castelo. O átrio estava apinhado de cavaleiros e damas, todos com suas melhores vestes e sorrisos. As velas dançavam com o vento que vinha de fora das portas do castelo, onde a chuva, os trovões e os próprios ventos tamborilavam, troavam e silvavam. Os ruídos de conversas no interior do átrio sobrepujavam os rugidos naturais.
Meistre Granor corria pelos corredores do castelo como um fantasma que vira um demônio em carne e osso. Estava pálido, com uma expressão de espanto e algumas manchas de vinho em seu cinto e nas partes baixas da longa túnica marrom que usava. As correntes tilintavam furiosamente em seu pescoço. O pergaminho pequeno que estava em sua mão, intacto e levemente dobrado chacoalhava na mão do homem que, mesmo arfando, corria como se sua vida dependesse disso. Virou a última curva do percurso. O corredor não estava tão iluminado, mas isso não impediu o homem de correr mais resoluto em direção a uma porta que separava aquelas passadas do enorme barulho proveniente do salão lotado de convidados. Quando chegou na porta, se recompôs, demorando uma respiração longa e profunda, abriu a porta e adentrou o salão. Havia entrado pelo lado mais próximo da mesa principal, onde estava Lorde Jonathan, bebendo enquanto falava com um grupo de cavaleiros mais velhos. Meister Granor apressou-se, andando em uma velocidade que não chamaria tantas atenções para ele. Chegando perto do Lorde, tocou-lhe duas vezes o ombro direito. No mesmo instante ele se virou.
- Milorde, chegou um corvo de Porto Real. - disse, abrindo os olhos de uma forma que até uma criança saberia que era extremamente importante.
O meistre conduziu-o para um canto afastado, onde Eran estava só, com uma taça na mão direita, conversando com seu escudeiro um palmo e meio mais baixo. Este viu o Lorde se aproximando primeiro, curvou-se, Eran olhou para os dois que vinham e acenou com a cabeça. Viu o olhar que Jonathan dirigiu a ele e entendeu. Dando uma ordem para o escudeiro, ele se virou e seguiu-os.
Quando chegaram no corredor que o meistre acabara de passar, fecharam a porta.
- O Rei foi assassinado junto com sua Mão. A Família Real está convocando todos os Lordes das Grandes Casas para Porto Real.
Jonathan disse mais que prontamente:
- Fez bem em se abster de gritar Gramor. - Disse pensativo. - Por que devemos nos dirigir para Porto Real? - essa ideia deu fez correr um calafrio, não parecia ser o procedimento natural.
- Parece que será feito um Grande Conselho para decidir quem será o novo Rei.
- Então escolheremos entre Valerion e Maegelle. Sinto cheiro de guerra.
- Como vamos prosseguir Jon?
Jonathan parou por um momento. Respirou fundo e disse:
- Havendo uma guerra ou não, mal não fará estarmos preparados. Granor, vou pedir que envie alguns corvos para mim. Vamos ter de requisitar a feitura de novas armas e estoque de alguns alimentos básicos. Não faça nada muito grande, não queremos chamar atenções indevidas. Vou informar o povo de Ponta Tempestade da morte de Jaehaerys, recomende que meus vassalos façam o mesmo. Além disso, diga para aumentarem a vigilância em seus domínios.
- Milorde. - disse o Meistre curvando-se levemente, deu meia volta e voltou aos seus aposentos.
- Como isso pôde acontecer? - perguntou Eran - Não era para o Rei ter uma Guarda Real? Pelo que me parece, nem o assassino foi descoberto. Como querem que simplesmente abaixemos nossas cabeças e nos dirijamos para aquela latrina gigante?
- É exatamente o que me passa pela cabeça Eran. Receio que o culpado é mais evidente que do que pode parecer. De qualquer forma, apenas andarei com minha escolta bem armada naquele lugar. Não gosto de lidar com os Targaryen e nem confio neles. Transitar pelo castelo será complicado, mas receio que com o devido cuidado não nos encontraremos com o regicida despreparados.
Voltando-se para a porta, Jonathan adentrou o salão, que agora estava mais calmo. Tomou seu lugar na mesa principal e chamou a atenção de todos que estavam presentes.
- Caríssimos, peço que se acalmem. Adianto que não é uma notícia boa.
As pessoas se atentaram mais, estavam preocupadas.
- O Rei Jaehaerys morreu.
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Estavam as carroças carregadas com os mantimentos necessários para a viagem, além de alguns outros artigos. Os escudeiros e cavaleiros se preparavam para começar a marcha à Porto Real. Os cavalos estavam selados, descansados e cevados. Jonathan estava montado em um garanhão negro, impetuoso e com temperamento não muito pacífico. Ele virava com o passar do vento em sua crina e balançava a cauda, mostrando sua inquietação. Com as rédeas na mão, passou por Sor Damian e Sor Patrick, ambos vestidos quase completamente com suas armaduras, fora seus elmos, que baixaram brevemente as cabeças.
-Milorde, os preparativos foram feitos. Todos estão prontos para partir. - disse Sor Damian.
Estavam no topo de um morro, fora de Ponta Tempestade. Ventos uivavam longa e fortemente por aqueles campos, onde não haviam animais, pessoas ou plantações. Apenas grama (cor) e campos recém colhidos e um céu completamente nublado, fazendo a metade do dia ter uma iluminação de fim de tarde. Olhou para a comitiva de aproximadamente duzentos cavaleiros treinados e equipados. Apenas uma pequena guarda.
Ao longe, viu a aproximação de um cavaleiro, vindo do castelo. Estava esperando por ele. Quando ele chegou perto do Lorde, viu que era Drogo. Seu rosto o diferenciava dos homens de westeros em geral. O dothraki e seu cavalo chegaram ao Lorde rapidamente.
- Senhor, os corvos foram mandados para Porto Real, para teus vassalos e Pyke. Os preparativos e as ordens para os ferreiros foram feitos. - disse enquanto descia do cavalo e ajoelhava-se.
- Perfeito. Espero que consiga chegar com Harmond Greyjoy presente. Receio que os assuntos de comércio com Dorne devam esperar. Como estão os cavalos?
- Estão prontos para andar ininterruptamente até Porto Real.
- Meistre Granor ficará aqui. Acredito que não teremos tanta dificuldades na viagem. Faz um certo tempo que não temos bandidos nessas terras.
- Sim senhor. - Drogo voltou a montar seu cavalo. - E mesmo se houverem, temos homens suficiente para devastar qualquer trupe de bandidos.
- Como estão as armas dos meus soldados?
- Afiadas e polidas. Prontas para cortar.
- E onde estão as minhas?
- No carro da frente da comitiva.
- Perfeito. Receio que já seja a hora. Como Eran fará parte da comitiva de frente, você ficará ao meu lado, juntamente com Sor Damian e Sor Patrick. Os batedores farão o resto.
- Entendido.
Foi dada a ordem para iniciar a viagem.
Meistre Granor corria pelos corredores do castelo como um fantasma que vira um demônio em carne e osso. Estava pálido, com uma expressão de espanto e algumas manchas de vinho em seu cinto e nas partes baixas da longa túnica marrom que usava. As correntes tilintavam furiosamente em seu pescoço. O pergaminho pequeno que estava em sua mão, intacto e levemente dobrado chacoalhava na mão do homem que, mesmo arfando, corria como se sua vida dependesse disso. Virou a última curva do percurso. O corredor não estava tão iluminado, mas isso não impediu o homem de correr mais resoluto em direção a uma porta que separava aquelas passadas do enorme barulho proveniente do salão lotado de convidados. Quando chegou na porta, se recompôs, demorando uma respiração longa e profunda, abriu a porta e adentrou o salão. Havia entrado pelo lado mais próximo da mesa principal, onde estava Lorde Jonathan, bebendo enquanto falava com um grupo de cavaleiros mais velhos. Meister Granor apressou-se, andando em uma velocidade que não chamaria tantas atenções para ele. Chegando perto do Lorde, tocou-lhe duas vezes o ombro direito. No mesmo instante ele se virou.
- Milorde, chegou um corvo de Porto Real. - disse, abrindo os olhos de uma forma que até uma criança saberia que era extremamente importante.
O meistre conduziu-o para um canto afastado, onde Eran estava só, com uma taça na mão direita, conversando com seu escudeiro um palmo e meio mais baixo. Este viu o Lorde se aproximando primeiro, curvou-se, Eran olhou para os dois que vinham e acenou com a cabeça. Viu o olhar que Jonathan dirigiu a ele e entendeu. Dando uma ordem para o escudeiro, ele se virou e seguiu-os.
Quando chegaram no corredor que o meistre acabara de passar, fecharam a porta.
- O Rei foi assassinado junto com sua Mão. A Família Real está convocando todos os Lordes das Grandes Casas para Porto Real.
Jonathan disse mais que prontamente:
- Fez bem em se abster de gritar Gramor. - Disse pensativo. - Por que devemos nos dirigir para Porto Real? - essa ideia deu fez correr um calafrio, não parecia ser o procedimento natural.
- Parece que será feito um Grande Conselho para decidir quem será o novo Rei.
- Então escolheremos entre Valerion e Maegelle. Sinto cheiro de guerra.
- Como vamos prosseguir Jon?
Jonathan parou por um momento. Respirou fundo e disse:
- Havendo uma guerra ou não, mal não fará estarmos preparados. Granor, vou pedir que envie alguns corvos para mim. Vamos ter de requisitar a feitura de novas armas e estoque de alguns alimentos básicos. Não faça nada muito grande, não queremos chamar atenções indevidas. Vou informar o povo de Ponta Tempestade da morte de Jaehaerys, recomende que meus vassalos façam o mesmo. Além disso, diga para aumentarem a vigilância em seus domínios.
- Milorde. - disse o Meistre curvando-se levemente, deu meia volta e voltou aos seus aposentos.
- Como isso pôde acontecer? - perguntou Eran - Não era para o Rei ter uma Guarda Real? Pelo que me parece, nem o assassino foi descoberto. Como querem que simplesmente abaixemos nossas cabeças e nos dirijamos para aquela latrina gigante?
- É exatamente o que me passa pela cabeça Eran. Receio que o culpado é mais evidente que do que pode parecer. De qualquer forma, apenas andarei com minha escolta bem armada naquele lugar. Não gosto de lidar com os Targaryen e nem confio neles. Transitar pelo castelo será complicado, mas receio que com o devido cuidado não nos encontraremos com o regicida despreparados.
Voltando-se para a porta, Jonathan adentrou o salão, que agora estava mais calmo. Tomou seu lugar na mesa principal e chamou a atenção de todos que estavam presentes.
- Caríssimos, peço que se acalmem. Adianto que não é uma notícia boa.
As pessoas se atentaram mais, estavam preocupadas.
- O Rei Jaehaerys morreu.
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Estavam as carroças carregadas com os mantimentos necessários para a viagem, além de alguns outros artigos. Os escudeiros e cavaleiros se preparavam para começar a marcha à Porto Real. Os cavalos estavam selados, descansados e cevados. Jonathan estava montado em um garanhão negro, impetuoso e com temperamento não muito pacífico. Ele virava com o passar do vento em sua crina e balançava a cauda, mostrando sua inquietação. Com as rédeas na mão, passou por Sor Damian e Sor Patrick, ambos vestidos quase completamente com suas armaduras, fora seus elmos, que baixaram brevemente as cabeças.
-Milorde, os preparativos foram feitos. Todos estão prontos para partir. - disse Sor Damian.
Estavam no topo de um morro, fora de Ponta Tempestade. Ventos uivavam longa e fortemente por aqueles campos, onde não haviam animais, pessoas ou plantações. Apenas grama (cor) e campos recém colhidos e um céu completamente nublado, fazendo a metade do dia ter uma iluminação de fim de tarde. Olhou para a comitiva de aproximadamente duzentos cavaleiros treinados e equipados. Apenas uma pequena guarda.
Ao longe, viu a aproximação de um cavaleiro, vindo do castelo. Estava esperando por ele. Quando ele chegou perto do Lorde, viu que era Drogo. Seu rosto o diferenciava dos homens de westeros em geral. O dothraki e seu cavalo chegaram ao Lorde rapidamente.
- Senhor, os corvos foram mandados para Porto Real, para teus vassalos e Pyke. Os preparativos e as ordens para os ferreiros foram feitos. - disse enquanto descia do cavalo e ajoelhava-se.
- Perfeito. Espero que consiga chegar com Harmond Greyjoy presente. Receio que os assuntos de comércio com Dorne devam esperar. Como estão os cavalos?
- Estão prontos para andar ininterruptamente até Porto Real.
- Meistre Granor ficará aqui. Acredito que não teremos tanta dificuldades na viagem. Faz um certo tempo que não temos bandidos nessas terras.
- Sim senhor. - Drogo voltou a montar seu cavalo. - E mesmo se houverem, temos homens suficiente para devastar qualquer trupe de bandidos.
- Como estão as armas dos meus soldados?
- Afiadas e polidas. Prontas para cortar.
- E onde estão as minhas?
- No carro da frente da comitiva.
- Perfeito. Receio que já seja a hora. Como Eran fará parte da comitiva de frente, você ficará ao meu lado, juntamente com Sor Damian e Sor Patrick. Os batedores farão o resto.
- Entendido.
Foi dada a ordem para iniciar a viagem.
Jonathan Baratheon- Senhor das Terras da Tempestade
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Data de inscrição : 03/06/2019
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