Jardins (Margaery - Personagem Secundário)

A pequena abelha voava pelo jardim atrás de néctar. Pousou em um galho próximo à uma pequena flor amarela, ficou alguns segundos e levantou voo novamente. Seu zumbido se misturava com o som de outros animais. Pássaros, sapos, cigarras, todos formavam uma canção, sem ritmo, mas ainda assim encantadora. A abelha se aproximou de uma flor vermelha, desceu em zigue-zague até se acomodar nela, enfim havia achado seu precioso néctar, quando... Ficou presa entre suas folhas se sacudindo pra sair, sem sucesso. Era uma planta carnívora.

- Como a natureza é linda, Anne. - Margaery olhava a pequena abelha sucumbir com um brilho nos olhos - E ao mesmo tempo é cruel.

- Senhora, você não acha isto... Triste? - indagou Anne Fossoway, sua companhia de honra.

- É claro que não. Isto é a natureza em sua mais repleta beleza. O ciclo da Vida.

- Sim, isso eu entendo, mas fiquei com dó da pobre abelha. Ela só estava atrás de comida e...

- Sentiu dó do auroque que nós comemos no almoço? Ele estava delicioso, mas também estava apenas atrás de alimento quando uma flecha atravessou seu olho e Marcell o matou durante a caça. - A jovem gostava muito de Anne, mas às vezes achava a moça inocente demais - Aposto que não pensaria duas vezes antes de matar a abelha esmagada se ela a picasse.

- É claro, M'Lady - A moça abaixou rosto. Estava envergonhada.

Margaery viu que foi muito dura com a moça Fossoway. Aproximou-se dela e levantou seu rosto.

- Desculpe se fui má. Apenas queria abrir seus olhos. Venha, não fique assim. Talvez mais tarde possamos ir à biblioteca do Castelo, irei lhe contar a história da Casa Tyrell e como conquistamos a Campina.

As duas foram em direção ao Castelo de braços dados. Enquanto caminhava pelos jardins, Margaery notava a beleza de Jardim de Cima. Havia fontes, estátuas e flores das mais variadas espécies. Algumas árvores eram tão altas que tocavam os céus. As tonalidades de verde eram diversas e se mesclavam com o branco do mármore no qual era feito a fortaleza. O Castelo tinha três Muralhas exteriores que o cercavam por completo, entre cada muralha havia um labirinto de servia tanto para harmonizar o ambiente quanto para retardar inimigos em uma eventual invasão.

- Anne, sabia que algumas lendas dizem que Jardim de Cima não foi construído pelos homens e sim nasceu aqui como uma planta na natureza?

- Não me surpreenderia se fosse verdade, M'Lady. O castelo é lindo.

- É claro que só idiotas acreditam nisso. Mas ainda assim é uma lenda bonita. Sente saudade de Solar de Sidra?

- O castelo de minha família não se pode nem comparar com aqui, Margaery. Além de ser maior, Jardim de Cima é mil vezes mais bonito. Mas ainda sim Solar da Sidra é um lugar bonito. Tenho um pouco de saudades, porém me sinto em casa aqui. E ganhei muitos vestidos também! Vocês estão me tratando tão bem!

Anne Fossoway era sua companhia de honra há quase um ano. Vestia um vestido vermelho vivo, enquanto Margaery Tyrell trajava um vestido preto com bordados e ornamentos dourados em forma de flores.

- Fico feliz em saber que esta se sentindo bem aqui.

Depois de cruzarem os Jardins e os labirintos verdes, chegaram até o pátio do castelo, ali acontecia um pequeno teatro de bonecos que simulava a luta dos homens e os filhos da floresta. Três homenzinhos cortavam um Represeiro com seus machados, enquanto as pequenas criaturas humanoides fugiam. Havia muitas pessoas ao redor, a maioria de família nobre, mas também muitos comerciantes. Assistiam com curiosidade. Margaery notou que seu irmão mais velho, Lorde Magnus, Protetor do Sul, também assistia de cima do mezanino.

- Anne, fique aqui assistindo, irei me encontrar com meu irmão.

- Claro, minha senhora. Qualquer coisa me chame. - A Fossoway fez uma simples reverência e se virou para o teatro de bonecos.

Margaery subiu as escadas para falar com Magnus. Lorde Tyrell vestia um gibão verde escuro, seus cabelos encaracolados estavam molhados e segurava uma taça de vinho na mão esquerda. Estava sentado em uma cadeira almofadada.

- Achei que gostasse de assistir justas e não teatro, querido irmão. Posso me sentar? – A Jovem Tyrell não esperou resposta e se sentou ao lado do irmão.

Magnus se virou pra ela, não havia notado sua presença.

- Ainda prefiro observar uma boa luta. Porém não posso virar as costas para a arte - Bebeu um cole do vinho.

- Chama isto de arte? - Margaery estava sendo sarcástica. Os dois se viraram para olhar o pequeno teatro no momento que um "primeiro homem" cortava a cabeça de um filho da floresta.

- Bem, a arte esta nos olhos de quem vê. Esta frase é sua. Você observa a natureza e vê a arte em pequenos insetos matando uns aos outros. Eu também não chamaria isto de arte

- É, acho que você ganhou dessa vez - A Lady Tyrell começou a rir e deu um leva tapa no ombro do irmão. - Vai beber e não oferecer pra mim. Dê-me um pouco. - Pegou a taça da mão de Magnus e bebeu.

- Vinho da Árvore. O melhor de Westeros.

Voltaram a assistir o teatro por mais uns instantes. Dessa vez, um boneco maior simulava um gigante que pisava nos homens. Margaery descidiu cortar aquele silêncio entre ela e o irmão.

- Irmão. - Chamou. -  Estive pensando esses dias. Você não vai se casar?

Magnus estranhou a pergunta, mas ao mesmo tempo achou engraçada e deu risada.

- Não achei uma senhora pra mim ainda. Mas faço a mesma pergunta pra você. Não irá se casar também? Daqui a pouco ficará velha e nenhum homem irá te querer.

- Não achei nenhum homem que fosse bom o suficiente pra mim.

- Então não se preocupe que eu escolho pra você...

- Não! - Margaery mudou sua feição. - Você prometeu que não faria isso.

- Estou apenas brincando. - Magnus se inclinou da cadeira e se aproximou da irmã - Mas há centenas de grandes Lordes e homens poderosos solteiros em Westeros. Nas Terras Ocidentais, no Norte, na própria Campina, ou algum lorde poderoso em Dorne.

- Já disse que não. Nem tente.

- Então irei te casar com o Balerion. Talvez seja o que procura - Magnus gostava de ver a irmã irritada.

- Entre o dornês e Balerion. Prefiro o Dragão.

Margaery e Magnus se encararam por alguns segundos, mas não aguentaram e caíram na gargalhada. Riram tanto que algumas pessoas ao redor ficaram olhando.

- Estava com saudade de uma boa conversa. Odeio fingir que sou essa moça delicada que todos amam.

- Então não seja essa moça delicada. Vamos irmãzinha, nossa mãe já deve estar a sua procura.

Os dois saíram do mezanino abraçados. Neste momento a encenação teatral também chegava ao fim com uma salva de palmas.