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Mensagem por Urisk Greyjoy Sex Jun 07, 2019 7:54 pm

O porto afastava-se lentamente, as primeiras gotas de chuva começavam a cair, era a primeira vez que pisava numa embarcação.  Era comum dizerem que o mar acabava com os homens na primeira vez que o viam, que o maior dos homens sentia nada frente à imensidão e o poder das ondas, mas o garoto não temia, ele não era ninguém.

Ele sentia o frio lhe congelando e os ossos rangendo enquanto a chuva aumentava, sentia os cabelos grudando no rosto, conseguia ouvir o forte barulho do quebrar das ondas e dos marinheiros a trabalhar. Não sabia dizer quanto tempo havia se passado enquanto contemplava o vasto vazio do mar. Grande Pike já havia ficado para trás e o garoto sentia algo completamente novo, era leve e passageiro, quase imperceptível, mas era fascinante. Pela primeira vez ele não sentia medo de nada.

E mesmo assim ainda era triste.  Não uma tristeza cortante, mas aquela que corrói sutilmente a alma das pessoas era a tristeza que advinha do silêncio em todas suas formas.
Aquele foi um dia trabalhoso e de novidades. A cada hora a chuva ficava mais forte, crescendo de um leve chuviscar a uma grande tempestade com ondas cada vez maiores. Houve três vezes que o garoto quase caiu no mar. Em todas ele pode olhar para a profunda escuridão sem fim das águas, onde existia apenas seu reflexo difuso sendo consumido pelas ondas.

As memórias daquele dia foram sumindo com o passar dos anos, mas ele ainda sonhava com a tempestade e com a escuridão do mar. Em seus sonhos ele lembrava-se de cair no mar, mesmo sabendo que isso não havia ocorrido na vida real.

Havia sido a 10 anos a primeira vez que ele pisara em uma embarcação. Foi naquele dia que Urisk nasceu.

Erik Greyjoy era um exímio capitão apesar da tenra idade, conhecia o mar como poucos e diziam que podia levar seu Mary Ann por qualquer lugar, retirando talvez o Mar Fumegante, o próprio Erik era modesto quanto a seus feitos.

Mas Urisk acreditava no que diziam sobre seu meio-irmão. Ele sabia desse parentesco desde o primeiro dia na Mary Ann, foi justamente esse parentesco que fez Erik chama-lo para a tripulação. Urisk não conseguia ver-se como um Greyjoy, mesmo um ilegítimo, não havia visto seu pai, Harmond Greyjoy, nenhuma vez, as poucas vezes que Eric falava do pai diminuam a já pouca vontade que tinha de conhecê-lo.

A embarcação Mary Ann tinha funções e trabalhos bem definidos e organizados. Daena certificava-se de que todos estivessem cumprindo suas tarefas e que nada fosse negligenciado. A rotina de Urisk era mais criteriosa que a da maioria dos outros tripulantes, Erik tinha real interesse na capacitação de seu meio-irmão mais novo. Enquanto outros carregavam ou descarregavam materiais, cumpriam tarefas rotineiras ou faziam reparos, Urisk recebia instruções sobre os tipos de velas, rotas de navegação e estratégias militares aquáticas. Quem lhe ensinava era em parte o próprio Erik, em parte Daena, em parte o estranho e recluso Meistre Samwell.

A tripulação do Mary Ann mudava constantemente, mas os membros mais importantes continuavam. Urisk acabou aproximando-se dessas pessoas. Havia meistre Samwell, ainda jovem e que não completará de verdade os estudos, o mestre dos remos era um homem já bastante velho e que instigava respeito entre os marinheiros com tiradas rápidas, Eddard Catshire tinha apenas um olho, mas se virava muito bem apenas com ele, era o mais importante homem da contabilidade e da checagem no navio.

Três dos tripulantes tornaram-se verdadeiramente próximos de Urisk, Daena era esposa de sal de Erik e sua imediata, uma mulher de poucas palavras e que escondia muito, Askeladd Pyke era um dos mais promissores tripulantes do navio e poderia acabar virando ele próprio um capitão. E havia Robin Mullierg, a melhor amiga de Urisk e uma talentosa espadachin que viria a se tornar a melhor combatente do Mary Ann.

Quando toda a tripulação desembarcava em terra firme após uma longa viagem de meses e saía para os bordeis, para as vielas, bares e salões de jogos das cidades, Urisk dificilmente deixava o navio e quando o fazia era por alguma obrigação ou por algo muito especial. Não sentia vontade de abandonar a água abaixo de seus pés.  

Já haviam se passado anos desde que um jovem garoto tinha sido levado por seu meio-irmão para alto mar. Pouco havia restado em Urisk da criança e muita coisa havia mudado desde aquele dia.

Ele puxava a corda do arco o máximo que podia e pacientemente esperava pelo momento certo de realizar o tiro. Foram três suspiros até que a flecha voasse e alvejasse seu alvo na altura dos pulmões, um único suspiro antes de morrer. Urisk não sentia nada quando matava alguém em combate, sempre que soltava uma flecha era sabendo que não haveria mais volta e aceitando esse fato, era por isso que também demorava tanto a atirar.

Se tinha algo que aprenderá em seus anos no mar é como a vida é frágil, como tudo podia mudar de uma hora pra outra e como as pessoas tendiam a se destruir.  
Mas aquela flecha deixou um gosto ruim em sua boca não pelo ato, mas por quem caíra perante ele. Era um membro de sua própria tripulação, um traidor, um os seus, um dos que Erik havia colocado sua confiança. Foi por trair Erik, Urisk dizia para si.

E saiu pelo convés de volta para sua sala. Era estranho estar nela, tomando as decisões e controlando o navio. Sentou-se sozinho dentro do local, de olhos fechados, querendo mudar a direção da embarcação, ir para alguma cidade longínqua, mas estava indo pra Grande Pike. Dificilmente o Mary Ann aportava na principal Ilha das Ilhas de Ferro e sempre que o fazia é porque Erik receberá uma convocação oficial de seu pai. Era praticamente esse o caso.

Só que Erik Greyjoy havia morrido e Urisk, agora o capitão do Mary Ann, que era convocado pela primeira vez desde que se tornara um Greyjoy. Tinha sido rápido demais para ele se acostumar a mudança, rodeado de mais política do que jamais quis adentrar. A posição era desconfortável, mas não podia recuar ou simplesmente fugir.

Tudo que desejava era voltar a imensidão da água.
Urisk Greyjoy
Urisk Greyjoy
Senhor das Ilhas de Ferro e Ceifeiro de Pyke
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