Westeros Total Live
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

Forja e aço

Ir para baixo

Forja e aço Empty Forja e aço

Mensagem por Jonathan Baratheon Qui Jan 30, 2020 10:40 pm

O sol nascia e sua boca estava mais seca que as areias de Dorne. Uma pequena porém insistente dor de cabeça prendia-o onde estava. O mundo estava escuro e lá fora pingavam os restos da chuva da noite passada, que tamborilavam nas telhas e na janela. Sentiu que na sua boca haviam algumas coisas. Eram finos, pequenos, e irritantes, quando puxava, sentia desconforto no...
" Mas que..." Livrando-se da demência pós sono, cuspiu sua própria barba da boca, enquanto sentia aquela umidade bater em seu peito quando se sentou na cama. Ainda não conseguia ver coisa alguma, salvo alguns fios de luz. Arrumou os longos cabelos côr de noite e os prendeu para trás, dando a visão de seu quarto iluminado pelo início do dia sob nuvens espessas fora da janela. Saiu da cama, calçando meias e botas pretas, ambas surradas pelo tempo. Saiu em busca de uma túnica qualquer e acabou encontrando a que usara no dia anterior, que não cheirava mal e não tinha mancha, mas não era sua melhor. Lavou seu rosto em uma tina de latão que estava do outro lado do quarto, arrumou sua barba para baixo e se secou. Tomou alguns goles de água, fria com a noite e límpida como o dia. Vestiu seu casacão preto, pegou as chaves da mesa e abriu a porta para o ar do dia nascente. Estava frio e úmido, mas Thorin sabia que esquentaria com o passar do tempo.
Haviam poucas pessoas na rua, alguns cavaleiros saíam de suas casas, cumprimentavam Thorin, que ao menos virava-se para retribuir, mesmo que os olhando com sua habitual cara fechada. Desceu as escadas de sua varanda e andou até às portas da sua oficina. Alguns barris quase tranbordavam de água da chuva, vinda das telhas. Abriu as portas e andou para dentro, passando do balcão e entrando na oficina de fato. O cheiro de metal, suor, couro e madeira invadiu as narinas de Thorin, que avançou por aquela penumbra de tons negros e azuis que vinham de fora.
Thorin ouviu alguns passos atrás de si, virou-se e viu um homem alto, três cabeças mais alto que ele, junto de um pivete. Pareciam ser pai e filho.
—Senhor Thorin, queria pedir para o senhor tomar conta do meu filho, ensinar a ele seu ofício - disse o homem. Thorin percebeu que ele estava firme, pedia com sinceridade. - Hoje é o dia do nome dele, e gostaria que ele já tivesse ofício.
O ferreiro avaliou o jovem da cabeça aos pés. Cabelos cacheados e castanho-escuros quase cobriam os olhos do menino, que estava visivelmente desconfortável por estar sendo avaliado. Tinha um físico avantajado e parecia ser bem alimentado, além de dois braços que, aparentemente, poderia cumprir o que fosse designado. O único ponto que irritava Thorin era que o menino, que não devia ter mais de dez anos, era mais alto que ele.
—Viu aqueles barris lá fora?
—Sim senhor.
—Traga eles para mim, sozinho. Deixe ali ao lado da bigorna, todos eles.
O jovem se apressou a ir obedecer àquela ordem.
—Obrigado senhor Thorin, quanto te devo por isso?
—Doze estrelas por mês.
O homem abriu uma pequena bolsa de couro que levava consigo no lado e tirou de lá um punhado de moedas de cobre, entrego ao ferreiro e disse:
—Obrigado mais uma vez senhor Thorin.
—Você - disse depois de um certo tempo, mudando um pouco o seu olhar para o rosto do homem na sua frente - é filho do Doris? Aquele criador de bois?
—Eu era. Ele morreu duas semanas atrás. O senhor o conhecia?
—Um pouco.
O fazendeiro se despediu, se virou e saiu da oficina.
Thorin ficou parado olhando para a forja fria




— Qual o seu nome?
— Lionel, senhor. — o menino arfava depois de levar três barris cheios de água para dentro da oficina.
— Lionel. Acenda a fogueira.
Ele se aproximou, pegou um chumaço de casca seca de um canto, jogou no carvão que estava ali, pegou uma pederneira e começou a fazer faíscas. Nesse meio tempo, foi até a frente da loja.
Enquanto ele limpava algumas armaduras que ali estava, chegou uma jovem moça, carregando um cesto coberto com um fino pano.
— Dia senhor Thorin. Trouxe seus pães e manteiga que o senhor disse que acabou ontem.
O ferreiro apenas olhou para ela com sua habitual cara carrancuda e continuou a polir o balcão. Quando acabou, puxou de uma caixa que estava escondida no balcão, três tostões e deixou no tampo do balcão, pegou a cesta e a levou para outra sala adjacente.
Passado certo tempo, quando o sol já havia nascido por cima das nuvens, chegaram três outros homens na loja.
— Bom dia, senhor. — Disseram quase em uníssono. Todos troncudos e altos, falavam alto e animadamente. Entraram para a sala adjacente.
— Lionel. — Chamou Thorin — venha se apresentar a seus colegas.
O novato se apressou a chegar na cozinha. Estava mais bem iluminada que a oficina e parecia limpa e decentemente organizada. Todos se sentaram à mesa e começaram a partir os pães, cortar o queijo e a manteiga, juntar com outro corte de uma carne curtida que alí havia e iniciar a refeição. Até Thorin comia normalmente.
O jovem adentrou, acanhado com o cômodo novo, olhou seus colegas e se apresentou.
— Sou Lionel, filho de Grass, trabalharei com vocês a partir de hoje.
— Não fique tão nervoso — disse o menos volumoso deles tinha uma barba curta, cabelos côr de mel e grandes suíças — Meu nome é John, pode me chamar de Malho. — terminou com um sorriso singelo e um aperto de mãos.
— Sou Jim, pode me chamar de Seta. — esse tinha uma pequena cicatriz na bochecha, era o mais musculoso dentre os três alí e possuía longa e vultuosa cabeleira negra.
— Me chamo Gancho, mas pode me chamar de Paleck — disse com um ar brincalhão. Paleck tinha um brilho nos olhos diferente dos outros e parecido com Thorin, mas parecia mais animado, vibrante. — Vamos cuidar de você por aqui.
— Coma. — Thorin apontou para a mesa — Acendeu a forja?
— Não consegui, senhor. Nunca acendi fogo antes.
Todos naquele momento congelaram. Malho, Seta e Gancho se olharam e engoliram em seco.
— Eu vou com você lá. Não se preocupe — disse apressadamente Gancho enquanto se levantava, olhando para o mestre ferreiro, que parecia a ponto de explodir.
Os dois se retiraram de lá. Quando fecharam a porta, ouviram um baque forte e um grito: " COMO PODE?". Passaram para a oficina, chegando até a forja. Gancho pegou a pederneira e mostrou como fazer as faíscas. Lionel tentou, conseguiu acender na sétima vez.
— O mestre fica irritado as vezes com qualquer coisa, não se preocupe.
Ambos olharam o fogo tendo início, jogaram alguns gravetos nele e quando consolidado, jogará o carvão por cima. O carvão que se tornava carmesim com o fogo, começou a estalar e crepitar. A oficina começava a ficar quente. Os dois tiraram seus casacos e colocaram aventais de couro, que ficou grande em Lionel.
Os outros chegaram depois da refeição, fizeram o mesmo e começaram a se organizar, pegando malhos, barras de aço, pinças e se preparando para iniciar o dia. Thorin indicou a Lionel que fosse até a cozinha e comesse.
— Senhores, acredito que já sabem, mas vamos fazer um presente para Lorde Jhonatan. O dia de seu nome já está próximo, mas temos tempo suficiente para acabarmos. O desenho está aqui. — apontou para uma mesa limpa no canto, onde uma vela tremulava em um pequeno suporte. — Será a melhor lâmina que já coloquei em minhas mãos.
Jogaram o metal no carvão incandescente e começaram a soprar com foles.
Jonathan Baratheon
Jonathan Baratheon
Senhor das Terras da Tempestade
Senhor das Terras da Tempestade

Mensagens : 14
Data de inscrição : 03/06/2019

Ir para o topo Ir para baixo

Ir para o topo


 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos