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A Justiça de Ferro

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Mensagem por Urisk Greyjoy Seg Jan 20, 2020 7:44 pm

Kerold Greyjoy

Kerold Greyjoy dormia muito pouco. Era Kerold quem efetivamente governava Pyke organizando a chegada e saída de barcos nas docas, lendo e revisando papéis de contabilidade, mandando cartas as ilhas vizinhas, conversando com capitães e resolvendo qualquer problema que viesse a surgir em alguma dessas atividades, era Kerold que cuidava quando um barco naufragava, quando um incêndio começava nas docas, quando um grupo excessivamente grande de idiotas decidia que a melhor forma de resolver quem pegará o carregamento do outro era na base de lâminas. O trabalho era cansativo, principalmente com a perna esquerda teimando em queimar de dor sempre que ele andava mais de 50 passos, o que frequentemente era necessário, mas Kerold nunca descansava, cumpria sua função com eficiência e mantinha Pyke funcionando. Era fácil pensar que era Kerold, e não Harmond, quem realmente mandava, sempre que o pensamento passava pela cabeça de Kerold eram necessários apenas 50 passos para ele lembrar da verdade.

Kerold dormia no quarto ao lado das masmorras de Pyke, construídas a nível do mar, ou abaixo. Era um quarto pequeno e frio cujas ondas constantemente atingiam a parede, mobiliado apenas com um baú, uma cama e uma mesa na qual o Greyjoy passava a maior parte de seu tempo. O barulho das ondas batendo não deixavam Kerold relaxar e o frio sempre reavivava a dor na perna. Kerold tentava se concentrar no papel sobre sua mesa, um relatório de um dos muitos estabelecimentos que Harmond patrocinava por Westeros, ele apertava os olhos para conseguir ver na luz fraca das velas e trincava os dentes sempre que uma corrente de ar passava pelo quarto, o que estava acontecendo com cada vez menos intervalos de tempo "Vai cair uma tempestade", pensou irritado, quando a dor estava se tornando insuportável ele jogou o papel na mesa e saiu do quarto, ninguém andava pelos corredores do castelo, nas ruas e no mar os primeiros pescadores estavam preparando seus barcos, Kerold tremia de raiva como apenas no tardar da noite, longe das vistas, ele tinha coragem, afastou-se das masmorras a passos lentos, sem saber exatamente para onde ia, apenas querendo deixar para trás aquele lugar.

Andando pelos corredores do castelo Kerold viu quando um soldado veio andando lentamente em sua direção, estava vestido com uma armadura de placas, algo raro de se ver nas Ilhas de Ferro, e que deixavam claro que aquele era um homem com dinheiro e posição. Kerold sabia quem ele era, Qhored Blacktyde tinha a confiança de Harmond desde jovem, fora um dos imediatos em seu navio e era o responsável por chefiar as masmorras de Pyke, era um típico homem das Ilhas de Ferro, fosse em aparência ou personalidade, com a diferença de manter-se perfeitamente arrumado. Ele sorria para Kerold como se tivesse reencontrado um velho amigo, o Greyjoy conteve o turbilhão de emoções que despertavam em si, era bem mais difícil se segurar quando não era Harmond em pessoa o alvo.

Qhored:Ola Kerold, as ondas estavam te incomodando? Elas estão bem fortes hoje. Você vai ter bastante trabalho organizando as embarcações pro Harmond.

Kerold engoliu em seco.

Kerold:O que quer, Qhored?

Qhored:O que seria? Tens trabalho a fazer. Nesse caso uma mensagem, não para você, ninguém escreveria para você, mas na falta de Harmond meistre Helgan pediu para te chamar.

Kerold:Que tipo de mensagem, de quem?- "Boas notícias não são, nunca são."

Qhored: Quanto ao teor eu não sei nada, mas a carta veio de Vilavelha.

Kerold assentiu e se virou, o caminho até os aposentos de meistre Helgan era um trajeto pesado para o corpo do Greyjoy, uma constante subida por escadas, grandes corredores e uma das pontes que ligavam as torres de Pyke. Mesmo assim ele caminhava acelerado, as custas de dores ainda mais fortes depois.

Qhored: Sua perna ainda não curou depois de tanto tempo?- Kerold estancou, trincando os dentes de raiva e remorso. - Acho melhor eu te escoltar até os aposentos do meistre.

Engolindo em seco mais uma vez o Greyjoy continuou seu caminho sem mais forçar o ritmo. Ao chegar nos aposentos de Helgan ele ofegava e quase arrastava a perna esquerda pelo chão. O quarto do meistre eram muito melhores que os do próprio Kerold, era grande e cheio de prateleiras de madeiras cobertas de livros, uma grande mesa central onde reuniões poderiam ser realizadas, duas portas internas que davam para um aviário e outra porta que dava para os cômodos privados do meistre. Helgan estava sentado em uma das cadeiras em volta da grande mesa, a carta de Vilavelha em sua mão, estava calmo, quase sonolento, o que imediatamente aliviou Kerold, não devia ser algo grave. Qhored Blacktyde fechou a porta do cômodo e encostou-se nela.

Helgan:Finalmente Kerold. Temos assuntos a discutir. Nada tão complicado, mas é melhor resolver os problemas quando ainda estão pequenos. Vamos, sente-se, sei que está cansado. Indo direto ao ponto, um idiota tentou saquear os Escudos e nem teve a decência de não ser pego, os Hightower o mataram e nós mandaram uma carta avisando, muito educado da parte deles. Além disso um dos Hightower está vindo pessoalmente para cá, um desperdício de tempo da parte dele, é claro. Deve chegar em alguns dias. Não deve nos tomar muito tempo cuidar disso, mas é melhor sermos cuidadosos, a inimizade de Vilavelha nos é inútil nesse momento.

Kerold puxou uma das cadeiras e sentou-se, sentindo um alivio imediato em não ter que sustentar o próprio peso. Demorou alguns segundos até voltar a prestar atenção nas pessoas dentro daquela sala, trocando olhares desconfortáveis com o Blacktyde, não suportando a presença dele na sala, o gosto amargo na boca, suportar Harmond era definitivamente muito mais fácil que aquilo. A prudência sempre falava mais alto quando era sobre Harmond.

Kerold: Não seria melhor conversarmos a sós sobre isso?- Ele olhou diretamente para Qhored com dureza.

Qhored: Para ter uma conversa a sós algum guarda precisa guardar as portas, Kerold- Ele riu, batendo no cabo da espada que levava na cintura e na porta. -E entre nós não terá mal algum em eu ouvir a conversa, não somos todos fiéis a Harmond?- Um sorriso irônico surgiu nos lábios do soldado.

Kerold desistiu, resoluto, percebendo que seria inútil, querendo ceder a raiva que crescia em si. "Não sou eu que estou no poder. O punho de Harmond nunca deixa as Ilhas de Ferro."concluiu. "Com ele longe é ainda mais perigoso, deixando que você acredite que tem poder, que está livre, que não estará vigiado, que por qualquer motivo ele afrouxou o punho, e quando você acredita que não está mais em perigo, ele te destrói.". Frustado o Greyjoy deixou de lado suas reflexões, reflexos de pensamentos que já tinha a anos, e passou a se concentrar no problema que fora colocado a sua frente, não se importava com os Hightower e muito menos com os Escudos, a Campina não lhe despertava nenhuma forma de afeição, da mesma forma pouco lhe importava o que um pirata fazia ou deixava de fazer, muito menos a punição que resolviam dar para ele, só que não era seus sentimentos que importavam e Harmond tinha planos demais na Campina para simplesmente ignorar aquele problema.

Kerold: Tem certeza que não temos que nos preocupar? Uma represália pesada viria da mão dos Tyrell e não dos Hightower, mas ainda assim eles podem gerar complicações com os Redwyne.

O Greyjoy perguntou após um pensamento assustador. Harmond tinha planos na Campina, aquela era a chance de Kerold de atrapalhar Harmond, de ferir Harmond, de fazer anos de negociações com os Redwyne serem inutilizadas, mas ele sabia que era apenas uma esperança vã, dificilmente conseguiria acabar com os planos de seu senhor traçara em tão pouco tempo, dificilmente deixariam ele fazer isso. O sorriso de Qhored Blacktyde era uma mensagem clara para Kerold.

Helgan:Fala do casamento? Annés já está prometida a Leonard Redwyne, o casamento vai ocorrer. E lorde Redwyne não é de se curvar a vontade de outro vassalo.

"Então eles oficializaram o acordo de casamento.", a notícia não era nenhuma surpresa para Kerold, era apenas questão de tempo para acontecer. E ele suspeitava que a carta mandada por Harmond para os Redwyne no dia em que descobriram a morte do rei tratava exatamente disso.

Kerold: E quanto ao idiota morto? Em qual praia vamos jogar o corpo?

Helgan: Decidir isso está na sua alçada, mas vamos esperar o representante dos Hightower chegar, vamos ver o quanto podemos ceder para ele.

Kerold: Ceder para ele?- Kerold deu uma pequena risada.-Eu acredito que a opinião dele pouco nos importa, o que importa é como podemos usa-la de desculpa, só isso.

Helgan:Claro, claro. -Deu uma pequena risada-Apenas queria te avisar sobre a visita, você vai ter que preparar o castelo para o visitante, mesmo que seja só um Hightower.

Kerold assentiu e levantou-se, irritado pela reunião ter acabado rápido e não ter dado tempo de sua perna se recuperar. Qhored abriu a porta e deixou que o Greyjoy sai-se, o Blacktyde ficando na sala para conversar com o meistre. Seria um dia longe de trabalho adiantando tudo que era necessário para receber o representante Hightower, que Kerold preferia apenas afundar o navio e botar a culpa em algum saqueador qualquer. Estava irritado consigo e ia descontar isso em todos que o obedecesse naquele dia. Ainda chegaria o momento em que faria Harmond pagar.
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Mensagem por Urisk Greyjoy Sex Ago 14, 2020 9:35 am

Ondas entravam pela abertura da cela molhando seu corpo cheio de cortes. O sal queimava ao adentrar em sua carne. Sentia uma sede terrível e a garganta estava com partes em carne viva decorridos dos arranhões feitos por suas próprias mãos. Queria gritar, ou jogar-se pela abertura e deixar-se ser levado aos salões do Deus Afogado, mas não encontrava força nem para abrir os olhos.

Kerold acordou bruscamente, levando as mãos à garganta e tossindo com força. As unhas cravaram-se e chegaram a derramar um pouco de sangue. Temeu e pensou em desistir, em retroceder, mas o ódio ainda queimava e ele não o deixaria recuar. “Aja com cautela e paciência e sua hora chegará”

Lorde Harmond ainda estava fora em sua visita a Porto Real para o Grande Conselho, ele respeitava a decisão da rainha de convocar o conselho, respeitava e concordava com ela, um rei devia ser escolhido apenas pelo clamor de seus vassalos.

Kerold se lembrou de quando seu pai, Lorus Greyjoy, contou-lhes sobre a Assembleia dos Homens Livres que deu aos Greyjoy o poder sobre as Ilhas de Ferro. Vickon Greyjoy foi aclamado pelas antigas tradições, anteriores a deturpação propagada pelos Hoare, e as honrará com sua competência, mesmo tendo cedido a Fé Dos Sete. Kerold honrava as tradições dos homens de ferro e sonhava com o tempo em que os senhores das Ilhas de Ferro seriam apontados mais uma vez pelo grito dos capitães.

Entretanto esse dia ainda estava longe e Kerold tinha obrigações a cumprir naquele dia. Nicolas Hightower esperava por uma audiência ainda naquele dia, e de má vontade Kerold preparou-se para falar com ele. “O que ele espera vindo aqui?” perguntava-se.

Sabia que aquele era um sinal que os Hightower estavam bastante irritados com as Ilhas de Ferro e que essa raiva acabaria no colo dos Greyjoy, ainda que nada tivessem haver com qualquer ataque que tivessem sofrido. Questionava-se se não tinham uma retaliação em mente, se fosse cometeram um grande erro acreditando que Nicolas sairia vivo de Pyke. E depois? O que acreditavam que podiam fazer? Ler livros e recitar poesias para os nascidos de ferro? Mandar sua cavalaria correr para o mar e morrer afogada? Ou acreditavam que seus barcos poderiam fazer frente aos mais de 500 que as Ilhas possuíam? “Sem os Redwyne para apoia-los só poderiam contar com Costayne e as Ilhas Escudos para suporta-los em força naval, e nenhum desses é uma ameaça real.”

Apesar das tensões obvias, tratou bem Nicolas Hightower, apesar de não se esforçar um segundo para fingir que apreciava sua visita ou agrada-lo.

Quando chegou a realizar a audiência Kerold sentia a perna estalar em pulsos de dor que a faziam pular involuntariamente, o obrigando a segurá-la. Nicolas ainda era um jovem de 15 anos, metade da idade de Kerold, e nada faria o Greyjoy respeita-lo não importando o quanto tentava parecer um lorde respeitável.

O salão de Pyke estava gelada, era sempre gelado, e com temor e hesitação Kerold sentou-se no trono de sal, com a lula gigante pendendo a suas costas. Guardas Greyjoy, todos homens leais a Harmond, faziam a guarda do salão sendo comandados por Qhored Blacktyde que observava Kerold de perto, parado ao lado do trono de sal. Nicolas Hightower entrou no salão após ser anunciado, com o semblante sério e nada amigável, trazia consigo um corpo carregado por seus homens.

-O que trás um Hightower para tão longe de seus livros e penas? –Perguntou Kerold com aspereza e deboche.

Mantinha-se sentado no trono de sal olhando Nicolas de cima, mais para esconder os espasmos da perna do que por orgulho. O jovem não tardou a responder no mesmo tom, ainda que mais formalmente.

-Vim trazer o corpo de um dos seus, Quellon Saltcliffe, executado por ordem de Garth Quaedar após saquear as Ilhas Escudos. E que a mensagem fique clara, o mesmo tratamento será oferecido a qualquer um de vocês que ousar pisar nas Ilhas Escudo ou em Vilavelha.

-Um dos meus? –Perguntou, sem dar grande importância. - Não me lembro da família Greyjoy ter dado nenhuma ordem para que as Ilhas Escudos fossem atacadas, nem que um Quellon Saltcliffe fazer parte da Frota de Ferro. Além disso, com “vocês” refere-se aos nascidos de ferro? Ora, receio que cumprir essa ordem obrigaria vocês Hightower a também deixar Vilavelha, eu tenho certeza que em algum momento uma de vocês foi tomada como esposa de sal.

A raiva era visível no rosto de Nicolas Hightower, que tentou ao máximo a engoli-la e responder.

-Não compare nosso sangue a casas baixas como a sua, lula. E agradeça que esse Saltcliffe é um desertor, a paciência da casa Hightower tem limites e nós não aceitamos esse tipo de barbaridade em nossas terras.

Kerold sorriu, realmente os Hightower não estavam longe de tentar uma represália.

-Se ele é um desertor, por que trazê-lo até aqui? O que queres da Casa Greyjoy além de desperdiçar nosso tempo?

-Queremos justiça por ele, e queremos vocês longe de nossas terras.

-Que justiça tenho a oferecer a vocês? Seu pirata já está morto e a casa Greyjoy nada lhes deve. Não é nossa culpa que seu sangue tão valioso não consegue lidar com um simples pirata.

-Ele é um nobre, e matou dezenas dos nossos. Agora poderíamos estar declarando guerra a vocês. A fúria de Vilavelha não será facilmente contida, e não serão saqueadores e estupradores que nos derrubaram. Apenas digo que não nos provoque mais, ou será o seu corpo que traremos da próxima vez.

-Dezenas dos seus morreram para um mero desertor solitário? E ainda acreditam que teriam alguma chance de vencer essa guerra? –Nicolas ia responder, mas Kerold bateu com força seu punho no trono de sal – Cala-te, já ouvi o bastante e nada mais de relevante há de ser discutido entre nós. Agradeça você à boa vontade que Harmond demonstra a Campina que eu não te expulse destes salões por tamanha afronta quanto as que proferiu. Os Saltcliffe terão sua punição, mas será por terem permitido um desertor e não pela fraqueza de seus homens. Darão-nos um navio em compensação pelo que o desertor levou e pegaremos os mais novos de seus filhos para servir de pajem aqui em Pyke, e tenho certeza que tem filhas em idade de casar-se, daremos uma ao jovem Damon Winch e outra ao terceiro filho dos Goodbrother. Satisfaça com o que conseguiu, ou reclame com seu senhor se não, a casa Greyjoy não tem mais nada a dizer quanto a esse caso.

O jovem Hightower deixou Pyke naquele mesmo dia e o corpo de Quellon Saltcliffe foi jogado no mar para ser devorado pelos peixes. Os Saltcliffe iam pensar duas vezes antes de desertarem da próxima vez agora que a vida dos seus estariam sobre ameaça, Kerold queria levar o herdeiro da família, mas não tinha coragem de tomar uma decisão com tamanhas consequências no lugar de Harmond, então ia contentar-se com os filhos mais novos. E os Winch e Goodbrother iam gostar de ter os Saltcliffe a mãos, o que ia ajudar a recuperar a total confiança de ambas as casas.

Kerold levantou-se com dificuldade, sentia a perna travada agora, e já se dirigia para fora do salão quando Qhored o parou carregando uma série de papéis e disse.

- Chegou hoje a contabilidade dos comércios que temos escondidos nas regiões mais ao norte de Westeros, trazem informações importantes para Harmond. Ele quer um relatório completo.

Nos dias e semanas seguintes nada aconteceu, com excessão de uma breve visita de sua irmão Gwyn Drumm, deixando Kerold preso aos papéis e as ordens de Harmond e cada vez irritando-se mais por ter ajudado a diminuir o ódio que ainda devia correr no sangue dos Winch, assim como corria no dele. Novos documentos foram chegando com o tempo e junto deles noticias do que acontecia nas Terras Ocidentais, Nas Terras Fluviais e até no Norte, ainda que atrasadas em comparação as outras. A mais impressionante falava do assassinato de um Lannister e da instabilidade que assombrava a região.

Três semanas após a conversa com Nicolas Hightower, Kerold Greyjoy teve sua primeira chance de sair da vigilância dos homens de Harmond ao sair no meio da madrugada para resolver um problema nas docas, uma simples briga entre marinheiros chegando tarde da noite e bêbados, mas que lhe deu a situação perfeita para sumir em meio à escuridão da noite sem ninguém perceber.

Foi até uma casa simples nas docas de Pyke e entrou forçando a porta, sem importa-se com a vontade do dono da casa. Era um homem comum com cabelos escuros mal raspados a faca e barba já enfraquecida completamente irregular, acabara de chegar aos 40 e tinha braços muito fortes, um remador em um dracar. Acordara assustado com a invasão e tinha uma faca em mãos, abaixou-a ao reconhecer Kerold.

- Não me olhe com essa cara, Doren, temos pouco tempo e eu tenho um trabalho para você.

Doren ainda sonolento respondeu.

- Um trabalho? Acaso não estaria pensando em ir de alguma forma contra Harmond de novo agora que ele está longe? Não farei isso de novo. Perdemos nossa rebelião décadas atrás.

Kerold sentiu sangue subir-lhe a cabeça. O que mais o irritava era ver como o ódio sumira do coração daqueles que o apoiaram no passado, alguns até felizes com a subjugação. Não tinham as mesmas cicatrizes de Kerold, cicatrizes que impediriam para sempre seu ódio de cessar, uma perna inútil, os pesadelos intermináveis, o corpo de sua esposa e filho perdidos para sempre no mar.

- Não, não cometerei duas vezes o mesmo erro. Ainda não é hora de atacar Harmond. Quero que você e os seus apenas façam o que já estão acostumados, saqueiem.

Doren parecia confuso e pensativo, questionando internamente se havia alguma armadilha no pedido de Kerold, algum risco escondido. Quando não encontrou nenhum acenou positivamente com a cabeça aceitando o trabalho.

- Onde quer que ataquemos. Temos 3 pequenos dracares a disposição. O de Jeor afundou.

- Paço de Codorniz e Kayce, nas Terras Ocidentais. Não quero que ataquem os castelos, obvio, embrenhem-se no território deles e roubem comerciantes e fazendeiros transportando mantimentos. Sejam rápidos. Deixem um dracar escondido apenas para a fuga, abandonem o que usarem para os ataques, eles estarão esperando que os usem para fugir também. Em hipótese alguma sejam capturados, vocês terão sorte se conseguirem uma morte limpa caso o sejam.

- Quer que abandonemos nossos barcos?

- Eu arrumo outro depois, até porque tenho outro trabalho caso sobrevivam. Façam a mesma coisa, mas dessa vez com o Costayne e mirando suas docas em vez de seus mantimentos. Botem fogo se possível em alguns barcos, mas apenas se estiverem seguros que não serão pegos. Como disse, seu destino caso sejam pegos não será nada agradável. E nem o meu.

As últimas palavras de Kerold vacilaram e saíram rasgadas. O remador acenou positivamente com a cabeça e disse.

- Saímos daqui alguns dias, não será rápido juntar os dracares e a tripulação. E teremos que esperar a madrugada para não sermos percebidos deixando Pyke.

Kerold virou, sem importar-se com os últimos comentários de Doren e rumou de volta para o castelo. Queria ter certeza que sabia o que estava fazendo, segurança que não seria pego, a coragem juvenil do tempo de sua revolta exigindo uma assembleia dos homens livres, e então a perna voltava a doer.
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