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Entre os Dragões e um Javali

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Mensagem por Jonathan Baratheon Sáb Jun 08, 2019 3:15 am

A chuva caía fora da Janela e batia no chão calçado do interior do castelo. À meia-luz, Jonathan sorvia um pequeno gole de um vinho  em seu cálice, que repousava preguiçosamente ao lado de alguns objetos que estavam na mesa à sua frente. Mapas, cartas, documentos, uma adaga, livros, e algumas velas eram estes objetos. As velas acesas não tremulavam, ajudando na leitura da carta que tinha em mãos. Um relatório da quantidade de piratas que havia aumentado depois da morte de alguns lordes na costa para norte de Porto Real e a diminuição da manutenção das rondas marinhas. A carta finalizava alertando pra a possibilidade dessa situação atingir os domínios dos Baratheon.
Jonathan baixou a carta até o tampo da mesa e olhou por alguns momentos a vela estática à sua frente. Respirou profundamente. Tomou um longo gole de seu vinho. Pousou o cálice novamente na mesa, pegou a carta novamente e aproximou-a da vela estática, que esquivava sua chama do papel que lhe fora apresentado. Tratou de consumir a carta completamente e jogar sua ponta não queimada diretamente em um prato vazio do outro lado da mesa. Verificou se aquele fragmento não possuía informação alguma e, só depois disso, colocou-o no prato.
Tirou sua túnica e a calça, colocou-os dentro do baú no pé de sua cama desnecessariamente grande, apagou a vela, sorveu o último gole do vinho que estava no cálice e colocou-o no lugar que estava. Organizou aquela monte de papel em um feixe único e separou-o à um canto da mesa que estivera agora à pouco. Apagou a luz e finalmente voltou-se para a porta do quarto. Girou a chave de bronze polido que estava na fechadura, ouvindo um som suave, indicando que estava devidamente trancada. Virou-se para seu leito e deitou-se lentamente nele. Seu corpo estava tenso pelo longo espaço de tempo que passara a ler sentado naquela mesa.
Sentiu suas costas rígidas se relaxando, os músculos lentamente acostumando-se a uma superfície mais macia e menos rígida que aquela cadeira de carvalho maciço. O pescoço relaxava, juntamente com as coxas, panturrilhas, os pés, os braços e por fim seu tórax se entregou à sensação de descanso. Deitado, alongou seus braços, ombros pescoço, quadril e pernas. Passou uma mão pelo seu braço esquerdo, sentindo o frio na pele e respirando profundamente.
Pensou no dia que teve. De longo não foi o mais tedioso, mas também não era o mais agitado. Gostava de quando era agitado, tirava-o do ritmo de sempre. Patrulhar seus domínios e falar com as donzelas de Ponta da Tempestade faziam-no sentir-se fora de um dia-a-dia vago e sem importância. Sentir a chuva em sua tez, cavalgar pelos campos virgens e animar os cavaleiros que vinha a encontrar patrulhando seus domínios.
Respirou fundo e tentou espantar tais pensamentos, antes que fugisse pela janela sem nada além de seu pelos. Acabou dormindo enquanto pensava que havia de fazer com o crescente número de piratas se acabassem vindo aos seus domínios.

Acordou com uma garoa leve e um céu nebuloso atrás de suas cortinas. os lençóis estavam emaranhados à sua volta. Estava só no quarto. Os sons de atividade já estavam presentes. Sons de armaduras, espadas, cavaleiros disputando e pelejando. Ouvia as criadas e criados andando de um lado ao outro no corredor. Duas batidas na sua porta, ele vestiu apenas uma túnica branca e foi atender.
Antes mesmo de abrir a porta, sabia que Eran estava lá. Tornara-se hábito dele ter uma visita de Eran pela manhã.
Abriu a porta e deparou-se com o cavaleiro à sua frente, vestindo uma armadura leve de couro negro e, por baixo, um camisão de cor amarela mais clara que a usada normalmente pela casa Baratheon. Apenas seus braços e cabeça estavam expostos. Estava munido de uma espada de mão única e uma adaga, uma de cada lado da cintura, seguras em um cinto simples também de couro. Estava com o semblante quase rubro, arfando e ofegante.
-Como foi hoje? - Perguntou enquanto bocejava longa e preguiçosamente. Cada vez mais os sons de metais em choque e homens pelejando acordavam Jonathan - Conseguiu pegar algo?
- Só uma lebre branca. Ainda não aprendi a usar um arco longo. - Disse entre as golfadas de ar que passavam por sua garganta seca. - É muito grande o alcance, acabo calculando mal com vento.
- É questão de prática. Eu mesmo demorei um ano para conseguir usá-lo com certa maestria. - Estava sentindo sede também. O vinho havia secado sua garganta desde a noite passada. - Vamos comer agora. Quero colocar um pão no fundo da barriga e cuidar dos novos termos para as caças com Porto Real. Além disso, tenho que fazer algumas audiências com alguns comerciantes de Bravos. Eles querem nossas armas para alguma guerra para os lados de Qohor.
- Sim, mas primeiro sugiro que coloque suas calças. Acho que vou ver Megana enquanto isso. -  disse o agora parcialmente descansado Eran. - Quem sabe eu faça hoje o herdeiro Aplí.
- Receio que isso não vai acontecer. Pelo menos até o final dessa tarde. Preciso de você nas audiências. Não confio em todos esses bravosi. Têm alguns que são notoriamente vigaristas. Sei que está insatisfeito com isso, mas quero que tenham a imagem de alguns homens valorosos ao meu lado, pretendo usar isso no futuro.
Sem muitos argumentos contrários e com seu libido reprimido artificialmente, Eran apenas acenou com a cabeça, mostrando seu descontentamento no semblante.
Jonathan saiu do quarto completamente vestido. Seu manto de veado negro cobria seus ombros, uma túnica amarela e seu colete preto. As calças e as botas estavam de acordo com as tarefas do dia. As criadas e os copeiros cumprimentavam os dois que passavam pelos corredores do castelo em direção do salão.
Chegando lá, sentaram-se em seus cadeirões e foi trazido o desjejum. Mingau de aveia, cevada e trigo, seguido de um guisado de carneiro, temperado com amêndoas amargas, mel e maçãs. Por fim, comeram alguns pães cravejados de nozes, que estavam em abundância sendo outono.

O sol já se punha no horizonte parcialmente nublado. As velas já haviam sido acesas na Sala do Trono dos Baratheon. No dito trono, estava Jonathan sentado olhando para o rosto de um bravosi um tanto quanto porcino. Tinha um pequeno chapéu pendendo para o lado esquerdo de sua cabeça roliça.
- As armas dos Baratheon são realmente as melhores armas de westeros, mas receio que a proposta que milorde fez fique impraticável com estes preços. - Dizendo com sua voz porcina fina, enquanto balançava a barriga.
- Entendo, mas não vejo outra forma de vender as armas em minha posse, visto que, no mínimo, eu teria de ordenar a produção de mais armas, além de arcar com o custo de produção, teria de arcar com o custo da matéria e possivelmente de transporte. Acredito que já saibam que o número de piratas na costa Norte de Westeros vem aumentado drasticamente. Se estas armas caírem em mãos de piratas, terei de prestar contas ao Rei. Não acredito que o senhor me ajudaria perante a cólera dele. - disse Jonathan. Estava cansado de lidar com aqueles comerciantes. A chance de mudar o cenário ao seu favor estava se aproximando.
- Senhor Baratheon, acerca do preço, realmente é impraticável. Já sobre a cólera do Rei, creio que uma garantia sobre as mercadorias iria diminuir seu ímpeto. Não o vejo tão irado após uma garantia do próprio Banco de Bravos e das corporações de ofício sobre algo que não é dele. É uma quantia suficiente para arcar com o investimento inicial e poder lidar com alguns... imprevistos. - disse outro dos comerciantes, este mais alto, mas de vestimentas parecidas com o porcino.
- O Rei certamente não ficará contente com isso, e não são algumas moedas que o farão se acalmar.
- Milorde, sei que sua situação se tornaria difícil perante o Rei, por isso estamos oferecendo uma garantia sobre o seu produto. Receio que esta é nossa melhor oferta. - disse outro, que era mais baixo e menor que o anterior. Tinha um bigode que cobria a maior parte da parte baixa do rosto.
- Sendo assim, vou aceitar a oferta. Trezentos dragões de ouro por unidade. Acredito que consigo entregar-lhes duzentas armas de qualidade notável nesta lua. Podemos discutir mais sobre outras remessas futuramente. Além disso, aceito as garantias do Banco de Bravos e das corporações de ofício dos mercantes. - Disse. Fez um gesto simples para Eran, para se aproximar. Segredou no ouvido dele. - Mande seguirem esses mercadores até eles estarem dentro dos seus navios.
Eran acenou uma vez, mostrando entendimento. Jonathan se dirigiu ao seu Meistre.
- Granor, acabou de redigir? - O Meistre olhou para ele com olhos estreitos, como se estivesse sendo questionado profundamente sobre suas capacidades. Seus cabelos grisalhos e curtos juntamente dom sua barba longa e igualmente grisalha, davam o ar de sabedoria à sua imagem. Não pronunciou uma palavra sequer. Fez a assinatura  de testemunha do acordo e passou o documento para um dos comerciantes, que passou para outro, seguido de outro, e outro. Por fim, chegou às mão do Lorde. Assinou brevemente e afastou-se da mesa.
Enquanto os mercantes se retiravam entre cumprimentos e reverências respeitosas , as velas do salão tremulavam cada  vez menos, até que nenhum dos visitantes se encontrava mais. Por um momento o silêncio reinou nos ouvidos do Lorde. Foi tomado por uma calma sem igual, as velas não tremulavam como momentos atrás. Os músculos não estavam tão tensos, nem os olhos tão pesados. Ele se espreguiçou por força do hábito, colocou um cálice de vinho na mão e tomou um gole. A acidez da uva tomou seu paladar enquanto o líquido era retido na boca. Depois de aproveitar a sensação, deixou que ele seguisse seu rumo natural. O álcool desceu a garganta dele, aquecendo e limpando as cordas vocais. Sentiu o álcool e olhou para a porta.
Ordenando aos guardas que estavam lá que apagassem as luzes, saiu do salão com o documento que fora assinado em mãos. Andando lentamente, seguiu para seus aposentos. O sol já havia se posto, os últimos pássaros voavam em direção à floresta e os homens guardavam seus animais, pertences e filhos para dentro de suas casas. As fumaças ao redor do Castelo, trazidas pelos ventos de inicio de noite, faziam Jonathan pensar no jantar.

A torta de frangos com erva-doce explodia seu aroma na língua dele. O sal do frango traçou os lados da língua e dançou com a erva-doce e com a massa da torta, que se desfazia com a saliva. Antes de beber do vinho com cravos que estava do lado direito de seu prato, engoliu aquela massa de sabor e elogiou a torta. A criada que a trouxera depositou parte de uma costela de javali no prato com um sorriso caloroso. A gordura brilhava e jorrava juntamente com a carne vermelha. A pasta de de hortelã com amêndoas escorria pelas curvas dos ossos, amolecidos e de tutanaos escuros. Não era tão grande o pedaço, mas não era pequeno tampouco.
Trouxe a mão para a base do cálice e bebeu dois goles, limpando o sabor que esteve em sua boca, para repetir a sensação.
Não se importou de contar quantas vezes repetiu isso. No final restou apenas a costela de javali no prato e o cálice ao lado.
- Eran, quantos animais foram para Porto Real?
- Três mil Jon. Por quê?
- Por quantos dragões?
- Um pouco mais de três mil.
- Com esse jantar de hoje estou cogitando diminuir a quantidade que mandamos.
- Receio que se houvesse em Porto Real cozinheiros como aqui em Ponta Tempestade, o Rei não gostaria nada disso.
Ambos riram de si mesmos. Os  homens no salão e os criados riram também. O lorde não fazia piadas tão boas quanto Granor, mas o homem dormia depois de um copo de leite. As portas do salão estavam abertas e ventava levemente um aroma de madeira queimada, terra molhada e remexida e mar. Não chovia mais, não haviam pessoas fora em trânsito. A calmaria da noite pacifica penetrou nos ossos de Jonathan. Lembrou dos dias de desconforto em navios bravosi e de lutas em becos de cidades que nem mais lembrava o nome. Amanhã era dia para treinar o corpo nos campos de treinamento. Sentiu a cabeça pesar mais. Estava com sono. Decidiu se levantar enquanto dizia em voz alta.
- Senhores, vamos dormir, antes que a noite se enfureça com nosso barulho.
Em meio a comentários bêbados dos homens e suas esposas carregando-os, todos nos salões se recolheram lentamente. Os criados se apressaram para retirar tudo que não fossem mesas, bancos e cadeiras daquela área. Com um aceno e algumas palavras, Eran se retirava com Megana, que era atacada pelas apalpadas furiosas que Eran dirigia a ela. Megana distribuiu alguns tapas no ombro do cavaleiro e se dirigiram aos seus aposentos.
Então, com as luzes do castelo apagadas, o Lorde se dirigiu aos seus aposentos.

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